Friday, December 21, 2007

Benfica, 3 E. Amadora, 0


Uma primeira parte vergonhosa. Digna de um Sertanense ou de um Abrantes. É isto que o Benfica tem para oferecer aos seus adeptos, depois de lhes pedir que compareçam? Para a próxima estão lá 10.000 e depois 5.000 até ficar só a família do Mantorras e o Adu a aquecer, na linha lateral.

Este jogo trouxe-nos (indirectamente) um bom motivo de análise. A diferença do futebol jogado de uma parte para a outra, traz (MAIS UMA VEZ, BURRO CAMACHO) mais uma vez o confronto de estilos e modelos de jogo. O 433, impossível com estes jogadores, contra o 442, bem mais coerente. Alguém levantou uma questão interessante: em 442 Rui Costa terá de ser preterido? Em minha opinião, não, mas colocá-lo no banco em certos jogos acho que não é heresia nenhuma, pelo contrário, Rui Costa tem de começar a ser poupado se quisermos que ele chegue até ao final da época com capacidade para desequilibrar. Em casa, a solução passa por aproveitar (CASO CAMACHO TIVESSE MAIS DO QUE UMA PUTA DE UM NEURÓNIO) o (quanto a mim, bom) trabalho em torno do losango que Fernando Santos realizou. Petit (Binya) ao centro, Katsou como interior direito, Rodríguez (mais vertical), Rui, Cardozo e Adu (acho que está na altura de lançar o americano. Como Camacho gosta de vê-lo a correr, mas do lado de fora, Nuno Gomes para segundo ponta-de-lança). Em casa, esta equipa é a melhor. Um 442 com dois médios mais defensivos e outros dois ofensivos. Nesta táctica, a capacidade de Rodriguez ser tacticamente disciplinado para ajudar o Léo e os dois médios mais defensivos é a chave. Ganharíamos poder de fogo, dinâmica para nos chegarmos à frente com mais perigo e forçaríamos o adversário a ter de recuar o trinco para posições mais defensivas, abrindo espaço para que Rui Costa (preferencialmente), Katsou e Petit pudessem aparecer a desequilibrar, os trincos mais em segundas bolas, o Rui em jogadas de progressão. Colocar Petit (Binya) e Katsouranis de perfil parece, cada vez mais, um erro crasso. O grego sobe de produção se puder subir no terreno e não ficar preso, "colado" ao trinco (hoje, com a saída de Rui Costa, notou-se a melhoria do seu jogo quando pôde ter menos amarras ao centro defensivo da equipa). Este jogo, em ida de férias, parece ter vindo na melhor altura. Dá as bases para se compreenderem as diversas opções que o plantel tem. Será que Camacho entendeu alguma coisa? Ou, no próximo jogo, voltará a apostar no seu perro e imbecil 433? Eu diria que vai continuar a marrar, qual touro de Pamplona, mas, se por um brilhante milagre, Camacho tiver hoje entendido os jogadores que tem, poderá (digo poderá) ter-se aberto uma janela de esperança sobre esta época, até agora, desastrosa. Jogadores de qualidade temos, não muitos, mas suficientes para fazermos bem melhor. Sem dúvida que a má época é responsabilidade de Camacho, por não entender as qualidades e defeitos dos jogadores que treina (ou arbitra peladinhas, não sei se treina de facto).


A questão Adu: começa a ser angustiante. Lá foi o homem aquecer 30 minutos para jogar... 10. E será que El Gordito não se lembra de outra, além dessa de o colocar na faixa esquerda? Será complicado entender que deve testar Adu como segundo ponta de lança, móvel, sobre toda a área ofensiva? Tocou 3 ou 4 vezes na bola. Numa, viu que não podia subir, e recuou para Léo, noutra fez um bom passe para o centro da área, onde estava Nuno Gomes e outra, em velocidade, fez um excelente drible e acaba por ser puxado, sem que se possa considerar penalty. Que água na boca para ver Adu jogar na Luz aí uns... hmmmm peço 25,30 minutos? Será muito? Peço 45 minutos, vá.

Di Maria, que eu tenho criticado por ser sempre primeira opção em relação a Adu, virou o jogo. Entrou muito bem, é sem dúvida um jogador com talento, e parece estar a aprender a ser jogador de equipa. De qualquer forma, o seu habitat natural é na esquerda, apesar de hoje se ter destacado à direita, com duas excelentes assistências (uma deu golo, outra Cardozo falhou). Posicionar os jogadores onde eles rendem mais e pensar uma ideia colectiva onde cada um, individualmente, renda o máximo, e a equipa, colectivamente, saiba aproveitar as várias características e qualidades dos seus jogadores. O futebol é isto. Avisem lá o Camacho.


Monday, December 10, 2007

Uma equipa em busca de ideias

A equipa venceu, mas nota-se claramente a falta de ideias por parte de Camacho. Além de lances de bola parada (como o de Petit para Luisão, na lateral, cabecear para o centro da área), dá a ideia que os treinos do Benfica são iguais aos do Abrantes, quando eu lá jogava nas camadas jovens - corrida, uns exercícios com bola, peladinha. É absurdo que esta equipa não tenha mecanismos ensaiados, tanto a defender como a atacar. A defender, defendem apenas 6 (os quatro da defesa, mas os dois trincos), o que, em 4-4-2 é um suicídio com equipas mais poderosas. Neste sistema, os alas têm de "cair" logo sobre os laterais adversários e, se for caso disso, acompanhá-los até ao nosso, e os avançados têm de servir de tampão, logo que a equipa adversária comece a construir jogo. Nada disso se vê. A atacar... bem, a atacar é o caos completo. Vale-nos termos jogadores que desequilibram, mas não há ideias treinadas de como sair a jogar. A equipa parece um mau jogador de xadrez, na entrada começa a lançar os bispos e os cavalos e a abrir peões para cima do adversário, mas depois tem de recuar porque não sabe o que fazer. As bolas perdidas nas transições ofensivas são mais que muitas, não há um único movimento interior do ala que permita que o lateral suba, os avançados não mostram entendimento na hora de um ficar mais fixo e o outro deambular. Há quem diga muito mal de Nuno Assis, eu pelo contrário acho que ele pode ser muito útil a esta equipa como "10" e, jogando onde joga (Camacho tem um atraso grave), ou seja, a extremo direito, é dos poucos que ainda se lembra de "queimar linhas", para que a superioridade numérica possa aparecer por algum lado. Binya começou bem a época, é um bom tampão de meio-campo, mas é limitadíssimo. Além disso, faz muitas faltas. Não me parece uma solução credível. Para que joguemos em 4-4-2 (o sistema que, sem dúvida, tendo Nuno Gomes e Cardozo, mais se adequa às características dos jogadores que temos) é necessário ter alas que funcionem no colectivo, que saibam atacar bem, com velocidade e técnica para ir à linha, mas que saibam também fazer diagonais e trocar com Rui Costa (esse sim, sabe bem deslocar-se a uma ala, quando vê o ala chegar-se ao meio) durante o jogo. O único que faz isso é Rodriguez. Tanto Dí Maria, Adu ou Coentrão (ainda?) não o sabem fazer. Maxi é um bom jogador se quisermos dar estrutura ao meio-campo, mas é muito mais lateral do que será algum dia ala. Gostaria de ver duas opções alternativas, e confesso que inesperadas, no Benfica, mas acho que Camacho teria de trabalhar e pensar além de fazer de árbitro nas peladinhas para que isso acontecesse: Bergessio à direita. Acho que é um jogador com características parecidas com Lisandro. Aguerrido, veloz e com capacidade para aparecer, em diagonais, na área para finalizar; Adu como segundo ponta-de-lança - a forma como aparece a finalizar parece ser mais de um homem de apoio ao atacante do que um ala. Um João Pinto, digamos assim.

Estamos na próxima eliminatória da Taça, mas ainda há muito a fazer...