Thursday, June 29, 2006

Jules Rimet, nós queremos-Te!



Que não haja confusões: eu amo o Futebol. Dos pés à cabeça, de cima para baixo, de baixo para cima, de dentro para fora, amo o futebol. O jogo, as tácticas, o xadrez psicológico, o xadrez físico, o público, as bandeiras, as conversas de café, as (des)ilusões, as paixões, o erro do árbitro, o penalty «à Panenka», o penalty «bem marcado», a basculação, o pressing alto, a revienga, o golo. Amo o golo. Por todas estas razões, talvez tenha cometido uma heresia quando me veio à cabeça que todo este «circo» em redor do Mundial de Futebol seja, em perspectiva, um pouco exagerado. Bem sei que todos queremos ser campeões do Mundo, mas – que raio! – não estaremos a deixar o país e os governantes entregues a si próprios? A sensação que dá é que andam uns tontinhos a passar leis «por debaixo dos panos» enquanto a malta rejubila com os golos do Maniche e companheiros (eu não sei o que me deu para dizer estas barbaridades). O país tirou férias? Alguém no seu perfeito juízo estará com a cabeça em território nacional? Falo por mim: a medida do meu tempo é o jogo de Portugal. Um atrás de outro. Pelo meio, são dias em que se festeja a última vitória e se anseia por outra. Não há mais para além disso; talvez um sonho cumprido, outro desfeito, uma boa almoçarada, um filme, uma conversa às tantas, uns copos bebidos… mas no fundo, lá no fundinho, a certeza de um jogo dentro de um dia, de dois, a cabeça fazendo contas, esquemas mentais (ora, o Deco não joga, vai o Figo para o meio, ou jogamos com o Tiago e o Figo vai para a ala?), o dia que não chega, ocupar espaço lendo um livro, tomando mais um banho, brincar com a cadela.
Não sei o que me deu para tamanha barbaridade intelectual, mas, de facto, lembrei-me de me perguntar se não estaríamos a levar o Mundial como a única salvação possível, o único motivo para respirar. A malta está cá? Deu sinal de vida? É certo que quando passo na rua as pessoas continuam o seu caminho, falam, bebem cafés, fingem que a cabeça delas acompanha os passos, mas depois as bandeiras nas janelas, um olhar suspeito (vai para casa ver o «Missão na Alemanha»), o barulho do patriotismo ecoando nas ruas, e é tempo para perguntar: O país tirou férias? Haverá Ministros cá no burgo? Secretários de Estado? Funcionários? Senhoras da limpeza, trabalhadores? (Eu não sei o que me deu, juro) …
Pergunto-me como andarão os que não gostam de futebol. Por um lado, felizes – o país é deles! -, por outro angustiados – deve ser horrível não ter com quem falar, improvisar uma conversa sobre Cinema e alguém começar a dizer que o Lynch deve jogar nas alas porque, apesar do seu carácter sombrio e confuso, quando quer sabe limpar e jogar simples; alguém que se lembra de um Tarantino, exímio guarda-redes, com golpes arriscados, estilo América do Sul; Almodóvar como roupeiro e Jacques Tati deambulando pelo meio-campo adversário. E isto durante semanas! O pobre do homem que não gosta de futebol cheio de espaço no país e a companhia que não existe, ou que é aborrecida. Ah! Se a Jules Rimet não estiver nas nossas mãos daqui a duas semanas, meus amigos, vamos encontrar um país em ruínas…

Tuesday, June 13, 2006

Pérola



El amenazado

Es el amor. Tendré que ocultarme o que huir.
Crecen los muros de su cárcel, como en un sueño atroz.
La hermosa máscara ha cambiado, pero como siempre es la única.
¿De qué me servirán mis talismanes: el ejercicio de las letras,
la vaga erudición, el aprendizaje de las palabras que usó el
áspero Norte para cantar sus mares y sus espadas, la serena
amistad, las galerías de la biblioteca, las cosas comunes,
los hábitos, el joven amor de mi madre, la sombra militar de
mis muertos, la noche intemporal, el sabor del sueño?
Estar contigo o no estar contigo es la medida de mi tiempo.
Ya el cántaro se quiebra sobre la fuente, ya el hombre se
levanta a la voz del ave, ya se han oscurecido los que miran por
las ventanas, pero la sombra no ha traído la paz.
Es, ya lo sé, el amor: la ansiedad y el alivio de oír tu voz,
la espera y la memoria, el horror de vivir en lo sucesivo.
Es el amor con sus mitologías, con sus pequeñas magias inútiles.
Hay una esquina por la que no me atrevo a pasar.
Ya los ejércitos me cercan, las hordas.
(Esta habitación es irreal; ella no la ha visto.)
El nombre de una mujer me delata.
Me duele una mujer en todo el cuerpo.


Jorge Luis Borges

Thursday, June 08, 2006

Glasgow boys




Bang bang, Gavrilo Princip
Bang bang, shoot me Gavrilo
Bang bang, the first six are for you
Bang bang, the seventh is for me
Bang bang, Gavrilo Princip
Bang bang, Europe's going to weep
All for you, all for you, all for you, Sophia

The Black Hand holds the gun
The devil takes his run
Urban, take the Appel Quay
It's June the twenty-eighth
The seventh was for me

Bang bang, Gavrilo Princip
Bang bang, shoot me Gavrilo
Bang bang, the first six are for you
Bang bang, the seventh is for me
Bang bang, Gavrilo Princip
Bang bang, shoot me Gavrilo

All for you, Sophia - Franz Ferdinand