Que não haja confusões: eu amo o Futebol. Dos pés à cabeça, de cima para baixo, de baixo para cima, de dentro para fora, amo o futebol. O jogo, as tácticas, o xadrez psicológico, o xadrez físico, o público, as bandeiras, as conversas de café, as (des)ilusões, as paixões, o erro do árbitro, o penalty «à Panenka», o penalty «bem marcado», a basculação, o pressing alto, a revienga, o golo. Amo o golo. Por todas estas razões, talvez tenha cometido uma heresia quando me veio à cabeça que todo este «circo» em redor do Mundial de Futebol seja, em perspectiva, um pouco exagerado. Bem sei que todos queremos ser campeões do Mundo, mas – que raio! – não estaremos a deixar o país e os governantes entregues a si próprios? A sensação que dá é que andam uns tontinhos a passar leis «por debaixo dos panos» enquanto a malta rejubila com os golos do Maniche e companheiros (eu não sei o que me deu para dizer estas barbaridades). O país tirou férias? Alguém no seu perfeito juízo estará com a cabeça em território nacional? Falo por mim: a medida do meu tempo é o jogo de Portugal. Um atrás de outro. Pelo meio, são dias em que se festeja a última vitória e se anseia por outra. Não há mais para além disso; talvez um sonho cumprido, outro desfeito, uma boa almoçarada, um filme, uma conversa às tantas, uns copos bebidos… mas no fundo, lá no fundinho, a certeza de um jogo dentro de um dia, de dois, a cabeça fazendo contas, esquemas mentais (ora, o Deco não joga, vai o Figo para o meio, ou jogamos com o Tiago e o Figo vai para a ala?), o dia que não chega, ocupar espaço lendo um livro, tomando mais um banho, brincar com a cadela. Não sei o que me deu para tamanha barbaridade intelectual, mas, de facto, lembrei-me de me perguntar se não estaríamos a levar o Mundial como a única salvação possível, o único motivo para respirar. A malta está cá? Deu sinal de vida? É certo que quando passo na rua as pessoas continuam o seu caminho, falam, bebem cafés, fingem que a cabeça delas acompanha os passos, mas depois as bandeiras nas janelas, um olhar suspeito (vai para casa ver o «Missão na Alemanha»), o barulho do patriotismo ecoando nas ruas, e é tempo para perguntar: O país tirou férias? Haverá Ministros cá no burgo? Secretários de Estado? Funcionários? Senhoras da limpeza, trabalhadores? (Eu não sei o que me deu, juro) … Pergunto-me como andarão os que não gostam de futebol. Por um lado, felizes – o país é deles! -, por outro angustiados – deve ser horrível não ter com quem falar, improvisar uma conversa sobre Cinema e alguém começar a dizer que o Lynch deve jogar nas alas porque, apesar do seu carácter sombrio e confuso, quando quer sabe limpar e jogar simples; alguém que se lembra de um Tarantino, exímio guarda-redes, com golpes arriscados, estilo América do Sul; Almodóvar como roupeiro e Jacques Tati deambulando pelo meio-campo adversário. E isto durante semanas! O pobre do homem que não gosta de futebol cheio de espaço no país e a companhia que não existe, ou que é aborrecida. Ah! Se a Jules Rimet não estiver nas nossas mãos daqui a duas semanas, meus amigos, vamos encontrar um país em ruínas… |
Thursday, June 29, 2006
Jules Rimet, nós queremos-Te!
Tuesday, June 13, 2006
Pérola
Es el amor. Tendré que ocultarme o que huir. |
Jorge Luis Borges
Thursday, June 08, 2006
Glasgow boys
Bang bang, Gavrilo Princip Bang bang, shoot me Gavrilo Bang bang, the first six are for you Bang bang, the seventh is for me Bang bang, Gavrilo Princip Bang bang, Europe's going to weep All for you, all for you, all for you, Sophia The Black Hand holds the gun The devil takes his run Urban, take the Appel Quay It's June the twenty-eighth The seventh was for me Bang bang, Gavrilo Princip Bang bang, shoot me Gavrilo Bang bang, the first six are for you Bang bang, the seventh is for me Bang bang, Gavrilo Princip Bang bang, shoot me Gavrilo All for you, Sophia - Franz Ferdinand |