Monday, June 30, 2008

Somos os melhores? Somos. Mas ganhámos alguma coisa? Não. Mas somos os melhores? Somos.

Estou farto de treinadores-pais, de treinadores que, se for preciso, dormem com os seus jogadores para eles não fazerem chichi na cama; estou farto, em suma, de treinadores com a velha escola do «balneário». Quero gente competente a liderar tanto o meu clube do coração como o meu país. Para ganhar, não bastam rezas, santinhas, "salir a ganar", caravaggio, Roberto Leal ou Tony Carreira, como é óbvio para qualquer bípede. Para ganhar, é preciso... sim, isso mesmo, competência. Nem Scolari, nem Camacho revelaram tê-la para que saíssem alguma vez vencedores nos seus projectos portugueses. Um treinador não pode - que me desculpem os scolarianos, mas simplesmente NÃO PODE!!! - levar uma lição de como defender por parte da Grécia, sem ter planos ofensivos alternativos, sem ter uma ideia que fugisse do caos organizado que os próprios jogadores construíam, por sua iniciativa e qualidade, em campo. Não chega rezar a santas nem acreditar que um guarda-redes, por ter defendido penalties em eliminatórias importantes, serve, ad eternum, a uma Selecção. Não chega ir à final de um Europeu, quando esse Europeu é em Portugal e o adversário é uma equipa chamada Grécia, que defendia bem mas que tinha limitações evidentes. Não, não chega. Não me venham com os resultados de Scolari. Que resultados? Aragonés tem resultados; foi criticado por várias escolhas (entre elas, a mais polémica, a questão Raul) mas apresentou resultados no fim. E agora? Calaram-se as bocas? Claro que calaram. Quem ganha merece calar todas as bocas do mundo. Perder com a Grécia, em casa? Ser fraco, fraco, fraco a ler o jogo? Alguém viu os programas que foram dando antes do Euro, na SIC, sobre as campanhas de 2004 e 2006? Alguém viu aquele homem a falar antes dos jogos da Grécia (final) e da França (Mundial) para os seus jogadores? Estou convencido que até o Madaíl terá pensado: "isto é um treinador que estudou os adversários ou um pastor do Reino de Deus?". Absolutamente ridículo.
Não, meus amigos, no Benfica largámos um daqueles treinadores com teias de aranha e "cheiro a balneário" e trouxemos um jovem, que vê o futebol para além da proporção que conseguirão atingir as manchas de suor debaixo dos braços. Façamos, por favor, o mesmo na Selecção. Já chega de prestidigitadores. Queremos um cientista.

Wednesday, June 25, 2008

A verdade inconveniente

Às vezes fico com a sensação de que os benfiquistas ainda não se deram conta de que o Benfica já não é um dos mais fortes clubes europeus. As exigências são tantas, que eu dou por mim a perguntar-me se há algum russo ou um Sultão do Brunei por aí, a financiar o clube e a permitir aos adeptos legitimidade suficiente para que possam pedir grandes jogadores de top mundial e que possam exigir ao clube que os melhores do plantel fiquem.
Meus amigos, o Benfica está em crise. A um grande jogador, não é minimamente interessante vir para o nosso clube. O campeonato é fraco, os ordenados são baixos e o Benfica que nós vemos quando nele pensamos não é o Benfica que esses jogadores vêem. E, espantem-se, eles é que têm razão! O Benfica, no momento actual, é um clube de segunda linha europeia. Meus amigos, nós acabámos a merda do campeonato português em 4º lugar. Ouviram? Em 4º lugar!!! Quem é que está interessado em representar uma equipa que fica em 4º no campeonato português? (pensem lá um bocadinho) Pois, os medíocres e os bonzinhos. Se conseguirmos bonzinhos, já temos muita sorte. Espanta-me a crítica incisiva a tudo o que mexe, como se fosse possível poder negociar com o homem do momento, por exemplo, Arshavin ou ir a Londres buscar o Joe Cole ou ir a Milão trocar um nosso pelo Pirlo. Isso é para outros campeonatos! Nós, se queremos voltar ao patamar em que já estivemos, temos de ser inteligentes e ter um plano (que é coisa que ainda não percebi se há neste projecto de Rui Costa e Quique; espero para ver). Um plano que procure apostar nos jovens de qualidade que temos (e temo-los, não duvidem), juntamente com um bom departamento de prospecção, que nos faça aproveitar mercados menos explorados e com bons jogadores. Por isso, não devia ser de espantar que jogadores desconhecidos para nós acabem no Benfica - até pode ser positivo; caso tenham qualidade, significa que o Benfica procura alternativas visto que não tem dinheiro para contratar os que toda a gente já conhece de trás para a frente (Yebda poderá ser um desses jogadores; como Binya e Sepsi o foram no passado).
Depois há o outro problema: a pressão dos adeptos leva a que quem está responsável pelo Futebol (neste caso, Rui Costa) sinta a obrigação de trazer nomes sonantes para o clube, muitas vezes em detrimento de jogadores para as posições que estão deficitárias. Eu só oiço e leio e vejo falar em «10» e atacantes, mas alguém lê ou vê ou ouve falar num central de qualidade? Num lateral direito de qualidade? Num extremo direito de qualidade? Ninguém. Porque isso não vende. Nós andamos a fazer críticas a quem trabalha no Benfica por aquilo que lemos, vemos e ouvimos nos órgãos de Comunicação Social. Alguém dizia que estranhava que o "Record" tenha posto hoje a agenda de Rui Costa na capa do jornal. Eu pergunto: que fiabilidade tem aquilo? Até parece que o "Record" nos tem dado motivos, ao longo dos anos, para acreditarmos no que eles escrevem. É que é exactamente esta bipolaridade de que todos sofremos que nos faz analisarmos mal o que se vai passando no clube: umas vezes, dizemos que é tudo mentira o que está nos jornais; outras, para criticarmos opções, dizemos que estamos a ir pelo mau caminho, baseando a nossa análise apenas e só no que vemos escrito em jornais que nos não merecem qualquer visão de qualidade ou isenção.

É um período em que importa esperar para ver. Mas ver mesmo, ver os jogadores que se sentarão na cadeira numa conferência de imprensa, ao lado de Rui Costa e Quique Flores. Não é analisar com base em jornais mentirosos e intriguistas. Eu espero para ver. Porque é o que me resta, por uma questão de respeito por quem trabalha e porque sei que, neste momento, ser director-desportivo do Benfica não deve ser uma tarefa nada fácil. Andar por aí a apregoar a História, a Glória, os títulos do Benfica e tentar encobrir a realidade actual, tentando convencer um bom jogador, não é, seguramente, tarefa fácil. Por isso, Rui, até prova em contrário, estou contigo.

Friday, June 20, 2008

Ponto final, parágrafo.

Que o Ricardo não tem qualidade nem categoria para jogar na Selecção, já toda a gente sabe; que o Ricardo iria sofrer golos decisivos pela sua incompetência, já toda a gente esperava e era uma questão de tempo. Mas eu não posso concordar com este atirar o Ricardo para uma fogueira que comunicação social e opinião pública decidiram fazer. Alguém, no seu perfeito juízo, é capaz de achar que os 3 golos são exclusiva responsabilidade do GR? No primeiro, quem é que não travou Podolsi? Quem é que deixou o Schweinsteiger cruzar metade do campo, desde a ala até ao poste mais distante para aparecer sozinho? No segundo, alguém marcou Klose? No terceiro, apesar de empurrado, Paulo Ferreira chegaria àquela bola? Marcação entre a bola e o jogador? Não deveria ser entre o jogador e a baliza? Sim, é evidente que se fosse um guarda-redes mais competente, pelo menos uma das 3 salvava, mas não me venham com merdas, não se descubra agora o bode expiatório que serve para expiar todas as nossas frustrações.

Já agora, e Scolari? Sabe o que são bolas paradas? Sabe ver jogos? Sabe brincar com papelinhos com as alturas dos jogadores, mas, pelos vistos, não sabe preparar uma equipa para estar alertada para essa mesma altura adversária. É que isto era tão expectável, mas tão expectável - bolinha parada, pelo alto. Estava tão visto e foi o que aconteceu. Uma equipa que tem dificuldade nestes lances tem de ter, ao menos, o máximo de concentração. Nem isso.

Scolari sai pela porta pequena. Não sou ingrato - acho que fez um bom trabalho. Mas estou muito longe de embarcar nos endeusamentos que alguns fazem do brasileiro. Perder uma final contra a Grécia, em casa, é uma mancha grande demais. Não perceber minimamente o que é o jogo (o que nos custou eliminações, sempre), é uma mancha grande demais. Ser arrogante é uma mancha grande demais. Ter anunciado que saía, depois de ter dito, armado em grande apaixonado por Portugal, que quando foi o Benfica a chamá-lo antes do final do Euro ele teve de, imediatamente, recusar, é gozar connosco. Depois de ter dito que não queria jogadores a pensar em contratos, trata ele do próprio contrato e vem dizer que foi porque não lhe deram mais dinheiro. Tudo bem, cada um é livre de ganhar o dinheiro que quiser, só não venha armado em sentimental (e não devia ser tão pouco que ganhava na Selecção) porque nós não somos parvos. Depois do seu anúncio, perdemos duas vezes. Curiosamente ou não.
Vai muito bem. Já é tarde, até.

Ricardo? É medíocre. Mas quem é que lhe deu a titularidade indiscutível desde 2003?

Wednesday, June 18, 2008

Li esta frase no Estado Civil:

«nessa altura ela ainda tinha um corpo e não era, como agora, apenas uma voz».

É bonita, não é?


Saturday, June 07, 2008

Portugal -2 Turquia -0




















- Quero agradecer humildemente aos factores ocasionais que fizeram com que o Pai e a Mãe de Deco mandassem uma foda. Assistir ao futebol do produto dessa cópula tem sido das coisas mais saborosas que na minha vida tenho visto.

- Agradecer também ao coito entre Pai e Mãe de Bosingwa, Ricardo Carvalho e Moutinho. Humildemente.

- Agradecer a Petit. Que surpreendeu todos com a sua forma espectacular!

- O lance do segundo golo é a inteligência em movimento. Obrigado Moutinho.

- O Cristiano - reafirmo - está cansado. Além disso leva com 3 e 4 de uma vez. Ainda vais a tempo, puto. Mas se não fizeres um grande Euro, a gente perdoa-te. Uma época brilhante.

- Quando Pepe se antecipou a meio-campo, no lance do primeiro golo, a jogada tinha o cheiro do golo, não tinha?

- Bom jogo do Nuno. Uma assistência e muito azar nas duas bolas ao poste e trave. Que faça um grande Euro e seja vendido, é o que desejo.

- Gosto de Meireles. E gosto de Paulo Ferreira.

- Rui Costa, sem falar em basculações, esteve bem a comentar o jogo.

- "Oh what a magical right foot Deco has" - gajo da BBC Sports

Depois de tudo isto... ainda não ganhámos nada. Parem lá com os directos. A TVI é ridícula.

Friday, June 06, 2008

O estilo não é tudo mas ajuda

«O estilo não é tudo, como quer a frase batida, mas ajuda. José Mourinho sabe que o essencial é dirigir bem uma equipa, mas sabe também que algum acessório (o tal estilo) cai bem. Daí que ele trabalhe o acessório. Deixem-me lembrar um episódio acontecido na segunda-feira. O treinador do Roma, Luciano Spalletti, foi convocado a Paris por um representante de Roman Abramovich. O encontro não passou deste diálogo: "Fala inglês?", perguntou o enviado do patrão do Chelsea. Respondeu, o italiano: "Bem, quer dizer..." Não lhe pediam que declamasse Tennyson, mas que soubesse dizer a Drogba: "Me, mister. You, forward." Tendo-se atrapalhado, Spalletti perdeu o convite da sua vida. Dois dias depois, José Mourinho, em Milão, deu o espectáculo que se sabe em italiano. Até meteu uma ou outra palavra em dialecto lombardo. Tudo encenado em algumas semanas de aula em Setúbal. Estilo mostrado, agora até pode fazer só gestos, que é a melhor maneira de falar italiano.»

Ferreira Fernandes, "DN"