Friday, September 07, 2007

Lembro-me que era Sábado. Não havia no dia nada de novo. A sala estava quieta, com os vestígios de Sexta-feira em cima de uma mesa. Se parasse e olhasse com atenção, poderia adivinhar pequenos gestos que tinham sido feitos na noite anterior: o movimento dos braços e mãos a segurar cigarros, da boca para o ar, do ar para o cinzeiro, pousando a cinza na cama de vidro; uma capa de um disco parada, em cima de um sofá (o disco saindo da capa, pelas mãos levado ao gira-discos, pelo ar enchendo a sala de som); três copos com uma réstia de vinho no fundo, um no chão, outros dois juntos em frente à travessa que - imagino - seria de um bolo de chocolate; livros de poesia no chão e imaginar os livros abertos, na mão de alguém, enquanto as palavras ordenavam silêncio a quem ouvisse. Era Sábado, mas a sala estava ainda Sexta-feira. Sentei-me no sofá e fiquei imaginando mais e mais movimentos, gestos, pequenas conversas, a disposição das cadeiras, as pessoas levantando os pratos, recolhendo a cinza dos cinzeiros, arrumando os discos, limpando os copos, despedindo-se, e alguém que, em silêncio, fechou a Sexta-feira naquela sala. Levantei-me, olhei em volta. Assinei a parede: Sábado, e fui tomar banho.

1 comment:

denise said...

loool lembras te que era sábado e looolll digo te que foi no dia do meu aniversário loooololllooolll!!!!:))))