Tuesday, November 08, 2011

Morte


“Isto vai ter de acabar”, disse de si para si. “Já não somos os mesmos, a alegria não é a mesma, até a tristeza parece mais triste”. Respondeu: “Eu sei, eu compreendo…”. “Mas não és tu, sou eu…”. “Não, sou eu, tu ainda…”. “Eu já nada, nem um mililitro de lágrimas…”. “Nem um peidinho ao entardecer, nada…”. “Pois é, nem um peidinho ao entardecer…”.

Agarrou na pistola, fê-la subir à altura dos ombros e disparou. Caíram em estilhaços os vidros do espelho sobre as pantufas em cima do bidé. E nunca mais leu poesia.

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