Monday, May 21, 2007
Era Dezembro e toda a gente falava numa «provável precisão de presentes». Eu não entendia a precisão provável, mas entendia a palavra «presentes». A árvore grande no canto parecia-me um monstro com mil bolas nas mil mãos e pernas finas, juntas, dentro de um vaso. Era provável que se precisasse de presentes, mas a comida ainda não estava na mesa. Eu olhava as bolas vermelhas nas mãos do monstro e toda a gente ria e falava em coisas que tinham santos, Jesus, e o menino sobre as palhas deitado. Era provável que precisasse de uma cama nova, mas o cabrito – ao que se sabe – estava de morrer. Depois dos corpos estarem bem nutridos com doces, deus e a provável azia dos enfeites vinícolas, eis que alguém relembrou a mesa que urgia a “provável precisão de presentes». Eu entendi a última palavra e fui-me sentar debaixo do monstro a comer alguns dos seus – seres de barrete vermelho que sabiam a chocolate. Quando os presentes jaziam em cima de cadeiras e um cemitério de papéis e laços inundava o chão, foram todos para a cama dormir mal e sonhar com os presentes que deviam ter recebido, reflectindo sobre o desconhecimento triste que todos os outros tinham de cada um. Era provável que a precisão fosse outra, pensei. Mas como eu não conhecia as palavras «provável» e «precisão», brinquei com o carrinho azul até de manhã.
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